Gestão de lideranças: o epicentro da transformação no setor público

Por Rafael Lima*

A gestão de pessoas na administração pública possui uma infinidade de peculiaridades oriundas da própria natureza das organizações que compõem o setor. Quando comparada a GP pública e privada, observam-se divergências quanto à finalidade, ao recrutamento, à seleção, à contratação, às políticas de remuneração, aos métodos de avaliação de desempenho etc.

Historicamente, a prática de gestão de pessoas nos governos e nas organizações públicas adotou uma configuração operacional, enfatizando duas funções clássicas, a saber, o gerenciamento da folha de pagamentos e o controle de pessoal. É recente o entendimento acerca do papel estratégico da área e, em especial, da contribuição da gestão de lideranças para o atingimento de resultados e dos objetivos organizacionais e para a entrega de melhores serviços e políticas aos cidadãos.

Estudos realizados pela OCDE indicam que a liderança sênior é um fator-chave do engajamento dos funcionários no serviço público. Segundo pesquisa do Datafolha encomendada pelo Movimento Pessoas à Frente em 2021, apenas 8% da população brasileira acredita que os cargos de liderança do governo são ocupados pelas pessoas mais competentes.

Sendo assim, a gestão das lideranças encontra-se no centro da transformação do serviço público: aqueles que assumem cargos de liderança no âmbito governamental exercem funções que abrangem aspectos políticos, de gestão e técnicos. Estão encarregados de converter diretrizes políticas em políticas públicas concretas, de liderar as instituições públicas e de contribuir com conhecimentos especializados na administração de questões de interesse público. Líderes públicos fortalecidos têm o potencial de inspirar equipes engajadas que proporcionam benefícios tangíveis para a sociedade.

Desse modo, se faz necessário inicialmente selecionar pessoas qualificadas e com o perfil e as competências adequadas para o desempenho das funções estratégicas. Além de atrair e selecionar pessoas bem preparadas para os cargos de liderança, torna-se fundamental estabelecer uma cultura de gestão de desempenho entre os líderes públicos, com ênfase na entrega de resultados. Por fim, é preciso reconhecer e valorizar os ocupantes dos cargos de liderança, bem como investir no desenvolvimento permanente de suas competências.

Em um cenário de desafios cada vez mais complexos, a gestão de pessoas na administração pública desempenha um papel vital na construção de um governo mais eficaz e responsivo às necessidades da sociedade. Investir na capacitação e no engajamento das lideranças é o caminho para a transformação positiva que todos almejamos.

*Integrante da carreira de Especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental de Sergipe. Especialista em Inovação na Gestão Pública.